BLADDER OUTLET
OBSTRUCTION AND URODYNAMIC EVALUATION IN PATIENTS WITH BENIGN PROSTATIC
HYPERPLASIA
CRISTIANO M. GOMES,
F.E. TRIGO-ROCHA, MARCO A. ARAP, SAMI ARAP
Division
of Urology, School of Medicine, University of São Paulo, USP, São Paulo,
SP, Brasil
ABSTRACT
Bladder
outlet obstruction is one of the most important factors determining voiding
symptomatology in patients with benign prostatic hyperplasia (BPH) and
urodynamic studies remain the best tool to diagnose and measure bladder
outlet obstruction. It also enables the evaluation of other important
aspects of bladder physiology like the presence of instability, changes
in bladder compliance and detrusor contractility, which may be important
in patients symptomatology and prognosis. However, controversies
exist in the role of urodynamics as a diagnostic tool in BPH, and it is
considered an optional exam in the investigation of the majority of patients
with BPH. The advent of effective non-invasive treatment alternatives
for BPH has restricted surgery for patients with overt bladder obstruction
and for those who fail conservative treatment. This makes urodynamic studies
even more important in the evaluation of BPH patients. The objective of
this review article is to discuss the applications and limitations of
different urodynamic modalities in the diagnosis and treatment of BPH
and discuss the impact of bladder outlet obstruction.
Key words:
prostate; bladder; prostatic hyperplasia; bladder outlet obstruction;
urodynamics
Braz J Urol, 27: 575-588, 2001
INTRODUÇÃO
A
hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma das condições
patológicas mais freqüentes em homens acima dos 50 anos e
sua prevalência aumenta progressivamente com a idade (1). Pode causar
um importante impacto na saúde e na qualidade de vida dos pacientes
e constitui-se na segunda maior indicação de cirurgia nesta
população (2).
A HPB clínica representa as manifestações
sintomáticas da HPB, incluindo o complexo de sintomas conhecido
por prostatismo. Atualmente denominado sintomas do trato
urinário inferior (STUI), o complexo de distúrbios
miccionais tradicionalmente conhecido como prostatismo inclui sintomas
de enchimento vesical como freqüência, urgência, urge-incontinência
e nictúria (anteriormente denominados irritativos) e sintomas de
esvaziamento vesical, como hesitação, jato fraco, gotejamento
terminal e necessidade de fazer força para urinar (classicamente
denominados sintomas obstrutivos).
Clinicamente, a HPB é caracterizada
pela interação de 3 fatores: aumento prostático,
obstrução infravesical e sintomas. Estes fatores podem existir
isoladamente ou superpostos. Apesar da severidade dos sintomas ser o fator
que mais freqüentemente leva o paciente a procurar assistência
médica, o grau de obstrução infra-vesical constitui-se
no maior fator de risco para o trato urinário superior ou para
a própria função de reservatório da bexiga
(3).
A avaliação urodinâmica
de pacientes com prostatismo contribuiu significativamente para melhorar
os nossos conhecimentos sobre a fisiopatologia da HPB e da obstrução
infravesical. Até recentemente, acreditava-se que os sintomas miccionais
de pacientes portadores de HPB decorriam apenas da obstrução
infravesical causada pelo aumento prostático e, para muitos, HPB
e obstrução infravesical são sinônimos. Entretanto,
diversos autores demonstraram que apenas 50 a 75% dos pacientes com diagnóstico
clínico de HPB apresentam obstrução infravesical
e que a causa dos sintomas em homens com prostatismo é multifatorial,
compreendendo 4 condições: 1)- Obstrução da
uretra prostática; 2)- Falência da contratilidade detrusora;
3)- Instabilidade detrusora; 4)- Urgência sensorial (4,5).
O objetivo da avaliação urodinâmica
em pacientes com prostatismo é esclarecer e documentar a(s) causa(s)
dos sintomas miccionais, permitindo uma escolha terapêutica mais
racional e eficiente. Muitos pacientes têm sido submetidos a cirurgia
prostática sem uma avaliação rigorosa de sua condição,
gerando um contingente não desprezível de pacientes com
maus resultados cirúrgicos (6,7). Além disto, o advento
de métodos terapêuticos conservadores ou minimamente invasivos
tem tornado a indicação de prostatectomia mais elaborada,
aumentando a importância da avaliação urodinâmica
no processo de decisão terapêutica. Mais do que isto, o desenvolvimento
destas alternativas terapêuticas não-cirúrgicas para
o tratamento da HPB gerou um importante contingente de pacientes com obstrução
infravesical que permanecem urodinamicamente obstruídos por períodos
prolongados. As conseqüências desta obstrução
a longo prazo ainda não foram adequadamente apreciadas (3,8,9).
A alta prevalência da HPB, a heterogeneidade
de condutas diagnósticas e terapêuticas entre os urologistas,
o crescente número de alternativas terapêuticas e os elevados
custos envolvidos no tratamento de pacientes com HPB têm promovido
o desenvolvimento de normas de consenso sobre a avaliação
e tratamento da HPB. A Agência para Política de Saúde
e Pesquisa dos Estados Unidos (AHCPR - órgão oficial do
governo americano), em associação com a Associação
Americana de Urologia e o Comitê Internacional sobre HPB (The 3rd
International Consultation on Benign Prostatic Hyperplasia - patrocinado
pela Organização Mundial de Saúde) classificaram
os estudos urodinâmicos pressão-fluxo como exames opcionais
nos seus algoritmos de avaliação de pacientes com HPB, identificando
condições específicas em que seu emprego é
recomendável (10,11). Em nosso meio, o I Encontro de Consenso Nacional
sobre HPB, apoiado pela Sociedade Brasileira de Urologia (I ECNHPB - SBU),
elaborou as diretrizes nacionais para a HPB, tendo também classificado
como opcionais estes exames (12). Embora a metodologia para a criação
das diretrizes possa ter variado entre os diferentes grupos, suas recomendações
são bastante similares. Os exames urodinâmicos estão
certamente indicados nos casos equívocos, compreendendo:
1)- Prostatismo severo em indivíduos jovens;
2)- Prostatismo severo em pacientes com fluxo urinário normal;
3)- Disfunção miccional em pacientes com doença neurológica;
4)- Disfunções miccionais em pacientes previamente submetidos
a cirurgia prostática (11).
Apesar dos esforços para normatizar
a utilização e metodologia dos exames urodinâmicos,
seu papel na avaliação diagnóstica de pacientes com
HPB permanece controverso. Está bem estabelecido que os estudos
urodinâmicos pressão-fluxo constituem a melhor maneira de
documentar obstrução infravesical (13-15). Mais do que isto,
estes exames são a melhor ferramenta para diferenciar pacientes
cujos sintomas se devem à obstrução prostática
daqueles em que outro tipo de disfunção vesical é
responsável pelas manifestações clínicas.
Entretanto, na avaliação de pacientes com prostatismo, algumas
questões contribuem para levantar mais dúvidas sobre a necessidade
de se avaliar urodinamicamente os pacientes:
1)- É necessário diagnosticar ou afastar obstrução
em todos os pacientes?;
2)- O conhecimento de que um determinado paciente está obstruído
altera significativa-mente seu tratamento?;
3)- A desobstrução é necessária para a melhora
sintomática em todos os pacientes?;
4)- Os pacientes obstruídos apresentam melhor evolução
pós-operatória do que os não-obstruídos?;
5)- O tratamento deve ser escolhido com base nos sintomas ou na condição
fisiopatológica subjacente?
A maioria destas questões não
pode ser respondida adequadamente devido à escassez de dados sobre
a história natural da HPB não tratada e, especialmente,
da obstrução urodinâmica não tratada (7-9).
Além disso, a falta de correlação entre sintomas
de prostatismo, idade dos pacientes, tamanho da próstata, fluxo
urinário, volume residual pós miccional e pressão
detrusora durante a micção dificultam a realização
de estudos desta natureza.
Todos estes aspectos refletem as dificuldades
relacionadas à indicação dos estudos urodinâmicos
no diagnóstico da HPB. Está claro, entretanto, que a urodinâmica
constitui uma ferramenta valiosa na investigação da fisiopatologia
da HPB e no planejamento terapêutico de pacientes com sintomas de
prostatismo. Não é nosso objetivo abordar os aspectos técnicos
relacionados à realização do estudo urodinâmico,
mas discutir seu impacto diagnóstico, indicações
e utilidade clínica na abordagem de pacientes com sintomas do trato
urinário inferior.
DEFININDO
OBSTRUÇÃO INFRAVESICAL
Define-se
obstrução do trato urinário inferior como a presença
de uma contração detrusora de alta magnitude (pressão)
e duração apropriada associada a um fluxo urinário
baixo (Figure-1A) (11,13). É, portanto, um conceito físico,
investigado através da medição da pressão
detrusora e fluxo urinário durante a micção. Tal
exame, conhecido entre os urologistas como estudo pressão-fluxo,
requer a inserção de cateteres na bexiga e reto, permitindo
monitorizar a pressão vesical e abdominal simultaneamente ao fluxo
urinário, que é medido em um fluxômetro. Descrições
detalhadas sobre a metodologia e interpretação dos exames
urodinâmicos podem ser encontradas em excelentes livros-texto e
artigos de revisão sobre o assunto (11,13,16,17).
Embora somente os estudos pressão-fluxo
permitam identificar inequivocamente os pacientes considerados obstruídos,
muitos urologistas baseiam-se em dados como intensidade de sintomas, tamanho
da próstata, volume urinário residual e fluxometria para
diagnosticar obstrução. Como veremos a seguir, estes parâmetros
correlacionam-se fracamente com a obstrução infravesical.
Análise
de Sintomas e Volume Prostático
Vários autores demonstraram não
existir correlação direta entre os sintomas do trato urinário
inferior e a presença ou não de obstrução
infravesical demonstrada urodinamicamente (5,6,11,15). Outros demonstraram
a fraca correlação entre aumento do volume prostático
e a presença de obstrução infravesical (18,19). Apesar
disso, a maioria dos urologistas baseia-se nestes parâmetros para
indicar tratamento cirúrgico para seus pacientes.
Um recente estudo multicêntrico prospectivo
conduzido pela Sociedade Internacional de Continência demonstrou
claramente que os estudos pressão-fluxo e os escores de sintoma
medem diferentes aspectos do prostatismo e devem ser vistos separadamente
na avaliação de pacientes com sintomas clínicos de
HPB (15).
Resíduo
Miccional
O resíduo miccional (RM) corresponde
ao volume de urina que permanece na bexiga imediatamente após o
término da micção. Um volume residual de urina superior
a 50 ml é geralmente considerado aumentado. Embora muitos urologistas
utilizem o volume residual como um importante parâmetro na avaliação
de pacientes com sintomas do trato urinário inferior, diversas
variáveis comprometem a sua acurácia e importância:
1)- Método de medição (por cateterismo ou por ultra-som);
2)- Volume urinado;
3)- Variabilidade intra-individual significativa, independente da técnica
de medição utilizada;
4)- Falta de correlação com a intensidade dos sintomas,
fluxometria, parâmetros urodinâmicos de obstrução
e prognóstico clínico na maioria dos estudos (20,21).
Um consenso de especialistas que reviu a
literatura médica chegou às seguintes conclusões
a respeito do resíduo miccional (11):
1)- A medição do RM está sujeita a grande variabilidade
intra-individual que limita seu uso clínico;
2)- O volume de RM não se correlaciona bem com outros sinais e
sintomas de prostatismo;
3)- O RM não permite predizer os pacientes que irão necessitar
cirurgia nem aqueles que terão boa ou má evolução
pós-operatória se operados;
4)- A medição ultra-sonográfica do RM é aceita
e confiável (11).
Volumes residuais elevados podem estar presentes
em indivíduos com HPB sem confirmação urodinâmica
de obstrução. Por outro lado, pacientes com obstrução
infravesical severa podem apresentar resíduo miccional inferior
a 50 ml (22). Portanto, o volume residual funciona como um indicador de
uma anormalidade da função vesical, não podendo definir
a presença ou ausência de obstrução infravesical
num determinado paciente. Embora não existam evidências de
que pacientes com resíduo elevado apresentem um risco aumentado
de complicações, recomenda-se que sejam seguidos cuidadosamente
se for optado por um tratamento não cirúrgico (1).
Urofluxometria
Assim como o resíduo miccional, o
fluxo urinário é o produto da interação entre
contração detrusora e resistência uretral. Um fluxo
urinário baixo pode resultar de aumento da resistência uretral
(como em pacientes com HPB obstrutiva) ou de diminuição
da contratilidade detrusora. Desta forma, embora possa identificar uma
alteração e sugerir uma provável causa de disfunção
miccional, a fluxometria é inespecífica e não permite
estabelecer um diagnóstico etiológico dos sintomas (1).
A urofluxometria tem sido utilizada como
método importante de avaliação de pacientes com prostatismo.
Entre os dados mais importantes conferidos pelo método destacam-se
os valores de fluxo máximo e médio e o padrão da
curva de fluxo. A análise desta não se mostrou eficiente
no diagnóstico de obstrução infravesical. Além
disso, os parâmetros de fluxo médio são menos fidedignos
que os de fluxo máximo na análise de pacientes com HPB.
O fluxo máximo é, portanto, o parâmetro mais importante,
mas depende do volume urinado (11). Acredita-se que um volume urinado
de pelo menos 125 a 150 ml seja necessário para que se tenha uma
medida adequada do fluxo (11).
Alguns nomogramas foram criados para definir
os valores normais de fluxo máximo (23,24). Nenhum deles conseguiu
consistentemente diferenciar os pacientes obstruídos dos não-obstruídos.
Diversos autores propuseram valores de corte para definir pacientes obstruídos
de não-obstruídos. McLoughin et al. propuseram o valor de
corte de 12 ml/seg, abaixo do qual, a grande maioria dos pacientes (97%)
estaria obstruída e não necessitaria de estudo pressão-fluxo
(25). Para Jensen et al. o valor de corte deve ser 10 ml/seg (26). Embora
o uso de valores de corte tenha encontrado grande aceitação,
vários autores demonstraram que fluxos baixos podem estar presentes
em significativa parcela dos pacientes não-obstruídos assim
como pacientes com obstrução infravesical significativa
podem apresentar fluxo máximo superior a 15 ml/seg (27). Usando
o valor de fluxo máximo de 10 ml/seg como corte, Reynard et al.
encontraram uma especificidade de 70%, um valor preditivo positivo de
70% e uma sensibilidade de 47% para obstrução infra-vesical
(28). Com o fluxo de 15 ml/seg, a especificidade caiu para 38%, o valor
preditivo positivo para 67% e a sensibilidade aumentou para 82%. Um consenso
de especialistas que reviu a literatura médica concluiu que não
existe um valor de fluxo urinário absoluto para diferenciar os
pacientes obstruídos dos não-obstuídos (11).
Assim, conclui-se que embora a urofluxometria
não substitua os estudos pressão-fluxo no diagnóstico
da obstrução infravesical, pode ser realizada de forma rotineira
na avaliação de portadores de HPB por se tratar de procedimento
barato, simples e não-invasivo, que permite uma apreciação
não-invasiva mais precisa do que a simples quantificação
dos sintomas em relação à presença de obstrução.
Pode servir para triagem de pacientes com indicação de exames
mais invasivos e sofisticados. Além disso, é útil
no seguimento dos pacientes durante o tratamento clínico ou cirúrgico.
Estudos
Pressão/Fluxo
Consistem na medição simultânea
da pressão vesical e do fluxo de urina durante o ciclo miccional.
Como referido previamente, constituem o único método capaz
de definir a presença de obstrução infravesical e
analisar a contratilidade detrusora. De maneira geral, estes estudos apresentam
um elevado grau de reprodutibilidade e pequena variação
intra-individual (29).
Sabe-se que a elevação da
pressão detrusora não depende apenas da força de
contração do detrusor, mas, principalmente, da resistência
uretral ao fluxo. Em condições normais, uma pressão
vesical mínima é necessária para sobrepor a resistência
uretral e mantê-la aberta durante a micção (Figura-2A).
Baseado neste conceito, a severidade da obstrução infravesical
causada pela HPB pode ser inferida pela magnitude da elevação
da pressão detrusora de micção durante o fluxo máximo
por tratar-se do momento de maior relaxamento do mecanismo esfincteriano.
Seja por hiperatividade uretral (dissinergismo
vésico-esfincteriano, por exemplo) ou por anormalidade estrutural
(como na obstrução prostática), a obstrução
implica numa elevação anormal da resistência uretral
ao fluxo de urina. Devido a variações naturais entre os
indivíduos, nem sempre é possível estabelecer um
limite nítido entre o normal e o obstruído baseando-se apenas
nos valores e nas curvas do exame. Desta forma, a definição
de obstrução pode requerer uma elaboração
maior. Diversos investigadores desenvolveram modelos matemáticos
complexos e curvas miccionais computadorizadas relacionando pressão
detrusora e fluxo (22,30-32). Os dados de pacientes com HPB podem ser
colocados nestes gráficos, permitindo determinar a presença
ou ausência de obstrução infravesical.
Métodos
de Análise dos Estudos Pressão-Fluxo: Nomogramas
Durante a micção, a função
uretral pode ser normal ou obstrutiva. A resistência uretral é
representada pela relação entre a pressão detrusora
e o fluxo urinário, descrevendo a pressão necessária
para permitir um determinado fluxo de urina através da uretra.
Esta relação é chamada relação de resistência
uretral (RRU), e foi introduzida por Griffiths (33). Uma indicação
da RRU é obtida correlacionando-se a pressão detrusora contra
o fluxo urinário. Para maior acurácia pode-se utilizar um
registro gráfico contínuo, mostrando vários pares
de pressão e fluxo correspondentes (Figures-1B e 2B). Baseando-se
em observações empíricas e considerações
teóricas, Abrams & Griffiths desenvolveram um nomograma que
classifica os estudos pressão-fluxo em 3 regiões - obstruídos,
indeterminados ou não-obstruídos (Figures-1B e 2B) (22).
Relacionando-se manualmente apenas o ponto de maior fluxo e a correspondente
pressão detrusora pode-se determinar se o paciente está
obstruído ou não. Na Figure-3, os pacientes A, B e C têm
o mesmo fluxo. Entretanto, A está obstruído, B tem padrão
equívoco e C não está obstruído. Este gráfico
ilustra bem a ineficiência da fluxometria em identificar corretamente
os pacientes obstruídos.
Idealmente, a uretra está completamente
relaxada durante a micção. A resistência uretral está
no seu mínimo e a pressão detrusora tem seu menor valor
para qualquer valor de fluxo. Nestas circunstâncias, a RRU é
definida pelas propriedades mecânicas e morfológicas da uretra
e recebe o nome de relação de resistência uretral
passiva (RRUP), tendo sido descrita por Schafer (32). Qualquer atividade
uretral pode apenas causar elevações da pressão detrusora
acima dos valores definidos pela RRUP. Desta forma, elevações
dos valores de pressão-fluxo em relação aos da RRUP
refletem atividade uretral ou da musculatura periuretral. Schafer dividiu
o gráfico da RRUP em sete zonas indicando obstruções
uretrais progressivamente maiores e adicionou uma medida da contratilidade
detrusora (Figures-1C e 2C). Assim, ao contrário do nomograma de
Abrams & Griffiths, no qual apenas se procura identificar os pacientes
obstruídos, no nomograma de Schafer é possível quantificar
a severidade da obstrução além de classificar a contratilidade
detrusora.
Alguns autores modificaram os trabalhos
de Griffiths & Schafer e não há consenso quanto ao método
mais adequado para análise dos estudos pressão-fluxo (30,31).
Devido às similaridades entre os diferentes métodos, todos
classificam consistentemente os estudos pressão-fluxo claramente
obstruídos e não-obstruídos, mas apresentam diferenças
em uma pequena porcentagem de casos com resistência uretral intermediária.
A Sociedade Internacional de Continência propôs um nomograma
para classificar obstrução que guarda grandes semelhanças
com o de Abrams & Griffths (Figure-3) e está comparando os
diferentes métodos para chegar a um consenso sobre a sua utilização
e identificar ou desenvolver um método simples e reprodutível
com grande acurácia no diagnóstico de obstrução
e na quantificação da resistência uretral (13,14).
Muitos urodinamicistas preconizam o uso
de métodos computadorizados de análise dos exames pressão-fluxo,
alegando que eles permitem maior acurácia (34,35). Entretanto,
estes métodos também são sujeitos a erros e, devido
à sua complexidade, não são muito aceitos pelos urologistas.
Um estudo de Trucchi et al. demonstrou que a análise manual dos
exames urodinâmicos apresenta resultados superponíveis aos
da avaliação computadorizada oferecendo, além disso,
uma abordagem mais agradável para o urologista (36).
Contratilidade
Detrusora
A contratilidade detrusora pode ser apreciada
nos estudos pressão-fluxo. A musculatura detrusora pode ser normal,
hipoativa ou acontrátil durante a micção (37). Tanto
a magnitude como a duração das contrações
detrusoras devem ser consideradas na avaliação de sua contratilidade.
Um detrusor normal e sem a presença de um fator obstrutivo produz
uma contração eficiente para promover o completo esvaziamento
vesical. O detrusor hipoativo produz uma contração de magnitude
e/ou duração inadequada para efetuar o esvaziamento vesical
completo na ausência de obstrução uretral. A não
contratilidade detrusora representa seu grau mais severo e caracteriza-se
pela impossibilidade de demonstrar uma contração detrusora
durante a avaliação urodinâmica. Em indivíduos
com idade avançada, a avaliação da contratilidade
detrusora pode requerer considerações especiais (38,39).
A falência da contratilidade detrusora
é caracterizada por uma contração de baixa amplitude
ou não sustentada do detrusor associada a um fluxo urinário
baixo (Figures-4A e 4B). Nesta situação, é importante
diagnosticar se a falência detrusora é resultante de um processo
de obstrução infravesical levando à descompensação
detrusora, que pode ser revertida ou estabilizada com a desobstrução
cirúrgica. Entretanto, mesmo o exame urodinâmico pressão-fluxo
pode ser incapaz de diferenciar entre hipocontratilidade primária
daquela resultante de obstrução. Os critérios para
definir estas condições não são totalmente
precisos e o diagnóstico é muitas vezes baseado no julgamento
clínico.
Cistometria
A cistometria permite avaliar a capacidade
vesical, a complacência, a sensibilidade vesical e a presença
ou não de instabilidade detrusora. Nenhum destes parâmetros
da dinâmica vesical está direta e inequivocamente relacionado
à obstrução infravesical associada a HPB, mas alguns
aspectos importantes relacionados à instabilidade detrusora e à
complacência vesical parecem estar relacionados com a uropatia obstrutiva
da HPB:
Hiperatividade
detrusora ou Instabilidade Detrusora
Hiperatividade detrusora tem sido consistentemente
demonstrada em cerca de 50% dos pacientes com prostatismo, mas sua presença
não se correlaciona com a presença ou severidade de obstrução
infravesical (11,21,40). Ou seja, instabilidade detrusora pode ocorrer
em uma porcentagem significativa de homens com HPB com ou sem obstrução
infravesical assim como em mulheres. Diversos autores demonstraram a potencial
da instabilidade detrusora na maioria dos pacientes obstruídos
após a realização de prostatectomia (21). Os conhecimentos
atuais sugerem que a hiperatividade detrusora, embora possa estar relacionada
com a obstrução infravesical, não é boa indicadora
da presença de obstrução ou da evolução
pós-operatória (41). Contudo, a persistência de instabilidade
detrusora após a cirurgia consiste em fator de mau prognóstico
para a sintomatologia (41,42).
Complacência
Vesical
Complacência vesical é a habilidade
da bexiga de acomodar urina a baixas pressões. Bexigas pouco complacentes
distendem pouco e apresentam elevação progressiva e mantida
da pressão com pequeno volume vesical. Sabe-se que a uropatia obstrutiva
representa um risco para a função ureteral e renal, e pode
resultar em fibrose vesical (43). Esta condição pode destruir
a capacidade de reservatório da bexiga e requerer procedimentos
reconstrutivos extensos. Pacientes com uropatia obstrutiva devido à
HPB podem evoluir com diminuição da complacência vesical,
provavelmente em razão das elevadas pressões de micção,
de forma semelhante ao que ocorre com pacientes com bexiga neurogênica
(3). Não se conhece precisamente o tempo necessário para
que estas alterações ocorram nem o grau de elevação
da pressão detrusora necessário para induzir estas alterações
em indivíduos adultos. Além disto, sabe-se que má
complacência, altas pressões de micção e diversas
alterações morfológicas vesicais podem ser revertidas
ou estabilizadas através de formas de tratamento que promovam uma
desobstrução da bexiga (21,35,44). Baseado nestes dados,
McGuire et al. propõem que todo indivíduo com HPB sintomática
seja submetido a uma avaliação cistométrica, que
determinará a necessidade ou não de tratamento (3). Eles
defendem que se a complacência for anormal o tratamento cirúrgico
desobstrutivo é mandatório, visando atingir baixas pressões
vesicais a fim de reverter ou estabilizar a alteração de
complacência instalada. Nos pacientes com complacência vesical
normal, o tratamento deve ser direcionado aos sintomas, não sendo
necessário atingir baixas pressões vesicais (3). Embora
esta proposição seja lógica e atraente, não
é baseada em dados clínicos específicos para pacientes
com HPB. Para que este parâmetro para indicação cirúrgica
de desobstrução seja aceito são necessários
estudos prospectivos comparando a evolução clínica
de pacientes com alteração de complacência submetidos
a desobstrução com a de pacientes que permaneceram obstruídos.
Video-Urodinâmica
Os exames vídeo-urodinâmicos
consistem na monitorização fluoroscópica simultânea
aos estudos pressão-fluxo. Permitem definir com precisão
o ponto de obstrução em pacientes com prostatismo além
de identificar possíveis anormalidades anatômicas do trato
urinário inferior (divertículos vesicais, refluxo vésico-uretral,
cálculos vesicais, etc). O ponto de obstrução em
pacientes com HPB corresponde ao segmento mais estreitado da uretra ao
nível da zona de controle do fluxo durante a micção.
A zona de controle do fluxo geralmente localiza-se na uretra prostática
distal. O calibre da uretra distalmente a este ponto não tem influência
no fluxo urinário (a não ser em pacientes com estenose de
uretra anterior). Nos casos habituais de prostatismo, a video-urodinâmica
raramente traz informações significativas complementares
às obtidas com um exame urodinâmico convencional. Por causa
do seu custo elevado, complexidade técnica e uso de radiação
ionizante, seu uso é limitado. Boas indicações para
este exame são:
1)- Pacientes que necessitam de uma uretrocistografia além do exame
urodinâmico;
2)- Distúrbios miccionais complexos (muitas vezes com doença
neurológica associada);
3)- Cirurgias prévias sobre o trato urinário inferior;
4)- Avaliação urodinâmica prévia inconclusiva;
5)- Em centros acadêmicos envolvidos em pesquisa clínica
das disfunções miccionais.
POR
QUE REALIZAR ESTUDOS URODINÂMICOS?
As
razões para se realizar exames diagnósticos após
a avaliação clínica de um paciente independente da
natureza de sua queixa clínica são definir o diagnóstico
ou prever a evolução das diferentes alternativas terapêuticas.
Estabelecer um diagnóstico preciso, entretanto, tem pouco valor
se isto não for acompanhado de uma melhor evolução
terapêutica ou possibilitar uma definição prognostica.
Nos pacientes com HPB, vimos que escores de sintomas, volume prostático,
resíduo miccional e urofluxometria não são adequados
para diagnosticar obstrução. Por outro lado, os mesmos sintomas
causados pela obstrução infravesical associada à
HPB podem estar presentes em pacientes com instabilidade detrusora e sem
obstrução ou serem causados por hipocontratilidade detrusora
relacionada ao envelhecimento. Portanto, a questão mais importante
a ser resolvida é se a distinção precisa entre estes
diagnósticos melhora a escolha terapêutica e a evolução
clínica dos pacientes de maneira suficiente para justificar os
custos e a invasividade do procedimento. Bruskewitz et al. avaliaram a
evolução de 46 pacientes com prostatismo submetidos a prostatectomia
(45). Todos haviam sido avaliados urodinamicamente antes da cirurgia.
Entre os pacientes considerados não-obstruídos, 89% tiveram
melhora clínica, contra 92% dos considerados obstruídos
(45). Na opinião dos autores, esta discreta melhora não
justifica a indicação rotineira de urodinâmica nos
pacientes com HPB. Por outro lado, Abrams relatou que a inclusão
de estudos pressão-fluxo na avaliação pré-operatória
e indicação cirúrgica de pacientes com HPB foi acompanhada
de redução de 28% para 12% de insucesso clínico (7).
Na opinião do autor o exame urodinâmico deve ser considerado
mandatório em todo paciente candidato a prostatectomia (7,46).
A maior parte da literatura sobre estudos urodinâmicos (ainda que
geralmente baseada em estudos retrospectivos e não multicêntricos)
indica que a utilização rotineira destes exames na avaliação
pré-operatória de pacientes com HPB diminui os índices
de insucesso com a RTUP (21,47) (46). A magnitude desta redução,
entretanto, parece ser pequena em casos rotineiros (25,45). Procurando
responder esta questão em um estudo recente, Rodrigues e colaboradores
avaliaram urodinamicamente 253 pacientes antes e após a ressecção
transuretral da próstata (6). Demonstraram uma resposta clínica
à cirurgia muito superior nos pacientes obstruídos comparados
com os não obstruídos, medida pelo escore internacional
de sintomas e índice de qualidade de vida (6). Demonstraram ainda
que a melhora clínica correlacionou-se linearmente com o grau de
obstrução.
Em relação ao tratamento medicamentoso,
não existem estudos demonstrando que a avaliação
urodinâmica tenha um valor preditivo em relação aos
pacientes selecionados para esta modalidade terapêutica (48).
Finalmente, não está provado
que todo paciente com obstrução infravesical precise ser
desobstruído. A história natural da HPB não tratada
e, principalmente, da obstrução urodinâmica não
tratada são pouco conhecidas.(8) Desta forma, o uso de estudos
urodinâmicos não está indicado em todos os pacientes
com HPB. Eles devem ser utilizados sempre que houver dúvidas a
respeito da causa da disfunção miccional. A classificação
dos exames urodinâmicos pressão-fluxo como opcionais nas
recomendações das diversas organizações urológicas
internacionais (10,11) e nacional (12) significa que a decisão
sobre a sua realização é baseada no julgamento clínico
de cada urologista. Para muitos urodinamicistas eles são importantes
em todos os pacientes, por entenderem que permitem melhor definição
diagnóstica e fisiopatológica e, conseqüentemente,
escolha terapêutica mais racional. Muitos urologistas experientes,
entretanto, consideram os dados clínicos, a urofluxometria e o
volume residual suficientes para permitir a escolha terapêutica
na maioria dos casos. É possível que proximamente todas
estas dúvidas possam ser respondidas e se determine uma conduta
universalmente aceita pela comunidade urológica em relação
à utilização dos exames urodinâmicos em pacientes
com HPB. Este é um dos objetivos do estudo internacional prospectivo
sobre HPB conduzido pela Sociedade Internacional de Continência
(14).
Perspectivas
Recentemente, métodos diagnósticos
baseados na medição não-invasiva da pressão
vesical, na medição do som produzido durante a micção
e em métodos de imagem foram descritos e estão em investigação
(49,50). Um dos métodos mais simples é o de Kojima et al.,
que propuseram um método para determinar a existência de
obstrução infravesical baseado na quantificação
do peso vesical. (51) Estes autores demonstraram que o peso vesical em
pacientes com HPB está aumentado em relação a indivíduos
normais, tendo desenvolvido um critério de peso vesical para determinar
obstrução infravesical. Embora sejam necessários
mais estudos para comprovar a utilidade deste método, a não-invasividade
do mesmo o torna bastante atraente.
Espera-se que no futuro próximo estes
métodos possam contribuir significativamente para a avaliação
urodinâmica de pacientes com disfunção miccional.
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_____________________
Received:
March 5, 2001
Accepted after revision: September 21, 2001
_______________________
Correspondence address:
Dr. Cristiano M. Gomes
Hospital das Clínicas da FMUSP
Divisão de Clínica Urológica
Caixa Postal: 11273-9
São Paulo, SP, 05422-970, Brazil
Fax: + + (55) (11) 3064-7013
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