INFECTED URACHAL
CYST MIMICKING AN ACUTE ABDOMEN
LUCIANO A. FAVORITO,
D. RACHID FILHO, SANDRO R. GOMES
Section of
Urology, Souza Aguiar Municipal Hospital, Rio de Janeiro, RJ, Brazil
ABSTRACT
Objectives:
The persistence of the urachus causes several anomalies and the urachal
cyst is the most frequent one. In this article we report a case of an
infected urachal cyst that mimicked an acute abdomen.
Case report: A 29-year-old man presented
with complains of abdominal pain in the hypogastric region, dysuria and
body temperature of 39oC. During examination it was found a tumor measuring
5 cm in diameter in the hypogastric region. Abdominal and pelvic CT scans
revealed a tumoral formation located in the supra-vesicular region. Since
an infected urachal cyst was suspected, laparotomy was done and the tumor
was removed, including a segment of the bladder apex. The anatomopathological
examination confirmed urachal cyst.
Comments: An infected urachal cyst should
be considered for diagnosis of abdominal and pelvic inflammatory diseases,
both in adults and in children.
Key words:
bladder; urachal cyst; umbilicus; infection
Braz J Urol, 27: 262-263, 2001
INTRODUÇÃO
O
úraco é um cordão fibroso, remanescente do alantóide,
que une o ápice da bexiga à cicatriz umbilical. A persistência
do trajeto do úraco pode resultar em 4 anomalias: a)- patência
do úraco; b)- cisto de úraco; c)- seio uracal; d)- divertículo
vésico-uracal (1). Os cistos do úraco são raros ocorrendo
em 1 a cada 5000 nascimentos (2). A maioria dos pacientes portadores de
cistos de úraco é assintomática, no entanto o cisto
pode infectar, levando a sintomas que podem se confundir com doenças
inflamatórias do abdômen e da pelve. O objetivo deste artigo
é relatar um caso de cisto de úraco infectado levando a
abdômen agudo.
RELATO
DO CASO
Paciente
masculino, 29 anos, pardo, deu entrada no setor de emergência do
nosso serviço, com queixa de dor abdominal em região hipogástrica,
iniciada há 20 dias, acompanhada de febre alta (39oC) e disúria.
Relata aparecimento de abaulamento em região hipogástrica.
Negava vômitos ou outras queixas gastro-intestinais associadas.
Ao exame o paciente encontrava-se hipocorado, taquipneico, taquicárdico
e febril (40oC). O abdômen encontrava-se flácido, sem sinais
de irritação peritoneal, com tumoração móvel,
de cerca de 5 cm de diâmetro, dolorosa, de contornos irregulares,
em região hipogástrica. O hemograma mostrou leucocitose
com desvio para a esquerda. A rotina de abdômen agudo e o exame
de urina foram normais.
Foi realizada tomografia computadorizada
helicoidal, abdominal e pélvica que demonstrou formação
expansiva, localizada em topografia supra-vesical, hipodensa, heterogênea,
de paredes irregulares e com coleções gasosas no seu interior
(Figure-1). A reconstrução da tomografia demonstrou que
a massa era contígua à superfície vesical (Figure-2).
A partir da suspeita de cisto de úraco
infectado, o paciente foi levado a laparotomia. Durante a exploração
foi encontrada uma tumoração que se estendia da cicatriz
umbilical até a cúpula da bexiga. O cólon sigmóide
encontrava-se aderido à massa cística, que apresentava conteúdo
purulento. Foi realizada a exérese de toda a tumoração,
incluindo um segmento da cúpula vesical. O paciente evolui bem
e teve alta no sétimo dia de pós-operatório. O laudo
da patologia evidenciou cisto de úraco infectado, sendo que a microscopia
relatou a presença de tecido fibroconjuntivo e adiposo, apresentando
intenso infiltrado inflamatório agudo e reação xantogranulomatosa.
DISCUSSÃO
Os
cistos de úraco compreendem 30% das anomalias uracais (2). Os cistos
de úraco infectados ocorrem mais freqüentemente em adultos
jovens, podendo acometer também crianças de menor idade
(2). O tratamento dos cistos infectados é feito através
da administração de antibióticos, seguido pelo tratamento
cirúrgico que pode ser feito em 1 único tempo ou estagiado,
com a drenagem do abscesso, seguida pela exérese do trajeto remanescente
do úraco (3).
As complicações mais sérias
do cisto de úraco infectado são a peritonite, a obstrução
intestinal e as fístulas intestinais (2). No caso em questão
o cólon sigmóide se encontrava aderido ao cisto, comprovando
a possibilidade de acometimento intestinal nesta patologia.
O diagnóstico pré-operatório
do cisto de úraco favorece a abordagem cirúrgica. A ultra-sonografia
é a modalidade ideal de diagnóstico neste tipo de patologia
(3). Neste caso, por não contarmos com ultra-sonografia no momento
do diagnóstico, foi realizada a tomografia helicoidal com reconstrução
que evidenciou bem o cisto uracal, mostrando que a tomografia é
também um exame muito útil para o diagnóstico deste
tipo de patologia.
Concluímos que o cisto de úraco
infectado deve ser levado em conta no diagnóstico diferencial das
doenças inflamatórias abdominais e pélvicas, tanto
nos adultos jovens como em crianças.
REFERÊNCIAS
- Mesrobian
HGO, Zacharias A, Balcom AH, Cohen RD: Ten years of experience with
isolated urachal anomalies in children. J Urol, 158: 1316-1318, 1997.
- Goldman
IL, Caldamone AA, Gauderer M, Hampel N, Wesselhoeft CW, Elder J: Infected
urachal cysts: a review of 10 cases. J Urol, 140: 375-378, 1988.
- Minevich
E, Wacksman J, Lewis AG, Bukowski TP, Sheldom CA: The infected urachal
cyst: primary excision versus a staged approach. J Urol, 157: 1869-1872,
1997.
_____________________
Received: March 13, 2001
Accepted after revision: May 5, 2001
_______________________
Correspondence address:
Dr. Luciano Alves Favorito
Av. 28 de Setembro, 87, fundos
Prédio FCM, térreo
Rio de Janeiro, RJ, 20551-030, Brazil
Fax: + + (55) (21) 587-6121
|