IMAGING
Helical
CT of prostate cancer: early clinical experience
Prando A,Wallace S
AJR, 175: 343-346, 2000
CT helicoidal
no câncer da próstata: experiência clínica inicial
- Objetivos:
Determinar se o TC helicoidal pode demonstrar o câncer da próstata
(CP) detectado pela biopsia trans-retal guiada por ultra-som.
- Material
e Métodos: TC helicoidal da próstata foi realizado
em 35 pacientes, 25 com CP confirmado pelo exame histológico
(grupo I) e 10 sem câncer detectado pela biopsia (grupo II).Todos
os pacientes do grupo I tinham câncer na zona periférica,
e 3 deles apresentaram focos de câncer na zona de transição.
Todos pacientes do grupo II foram submetidos a pelo menos duas biopsias
prostáticas antes do TC. No grupo I, áreas de impregnação
por contraste na zona periférica foram consideradas sugestivas
de câncer e correlacionadas com os achados histopatológicos.
- Resultados:
O TC helicoidal demonstrou câncer em 22 (88%) dos 25 pacientes
com câncer da próstata evidenciado por biopsia. A biopsia
transretal, guiada por US, detectou nestes 25 pacientes 102 sítios
de câncer na zona periférica, e 3 na zona de transição.
O TC helicoidal revelou com acurácia, 59 sítios de câncer
da zona periférica (58%), mas deixou de revelar 43 sítios
com câncer (42%). Áreas de impregnação anormal
por contraste na zona periférica, não causada por câncer,
foi vista em 10% das lesões suspeitas. Os 3 sítios de
câncer na zona de transição foram indistinguíveis
das alterações nodulares benignas.
- Conclusão:
O CP detectado pela biopsia trans-retal guiada por US, aparece ao TC
helicoidal da próstata como áreas focais ou difusas de
impregnação por contraste na zona periférica. Um
estudo prospectivo foi iniciado pelos autores para determinar a acurácia,
sensibilidade e especificidade deste método.
- Comentário
Editorial
Este estudo baseou-se em nossa observação inicial de que
pacientes com CP, submetidos à TC helicoidal com a finalidade
de estadiamento pré-operatório, apresentavam com certa
freqüência, áreas de impregnação anômala
na zona periférica, usualmente concordantes com os sítios
positivos à biopsia. Amparado pelo conhecimento de que CP impregna-se
mais precocemente que o tecido normal quando avaliado pela técnica
dinâmica da RM com coil endo-retal, iniciamos então
este trabalho prospectivo. Ao demonstrar que o câncer da zona
periférica se manifesta por uma área de impregnação
anômala e precoce por contraste também ao TC helicoidal,
nosso trabalho sugere que o método pode ser útil em grupos
selecionados de pacientes. Pacientes com PSA elevado e biopsias negativas
(biopsiando-se as áreas de impregnação anômala);
pacientes com PSA elevado submetidos à ressecção
abdomino-perineal e pacientes acima de 50 anos, e nos quais se realizou
TC pélvico por outra situação clinica, apresentam
áreas de impregnação anormal na zona periférica.
A utilização deste protocolo em nosso serviço propiciou
a detecção incidental de câncer da próstata
em 3 (4%) dos 68 pacientes acima dos 50 anos inicialmente examinados.
Dr.
Adilson Prando
ENDOUROLOGY
AND LAPAROSCOPY
Retroperitoneal
laparoscopic radical nephrectomy: the Cleveland Clinic experience
Gill IS, Schweizer D, Hobart MG, Sung GT, Klein EA, Novick AC
J Urol, 163: 1665-1670, 2000
Nefrectomia
radical laparoscópica por via retroperitoneal: experiência
da Cleveland Clinic
- Objetivo:
A nefrectomia radical laparoscópica é usualmente realizada
pela via transperitoneal. O artigo analisa a nefrectomia radical laparoscópica
por via retroperitoneal, mesmo para grandes tumores e compara os resultados
com a cirurgia aberta.
- Material
e Métodos: Foram comparados os dados das últimas 34
nefrectomias laparoscópicas com os dados de 34 nefrectomias radicais
por via aberta, convencional.
- Resultados:
Na cirurgia laparoscópica, a média do tamanho tumoral
foi de 4.6 cm (variou de 2 a 12 cm), a média do tempo operatório
foi de 2.9 horas (1.2 a 4.5h) e a média de perda sangüínea
foi de 128 cc. O peso médio das peças retiradas foi de
484 g (52 a 1328 g) e adrenalectomia concomitante foi realizada em 72%
dos pacientes. A média dos analgésicos utilizados (equivalente
a sulfato de morfina) no pós-operatório foi 31 mg. O tempo
médio de permanência hospitalar foi de 1.6 dias. Complicações
menores ocorreram em 8 pacientes (17%) e complicações
maiores em 2 pacientes (4%), que necessitaram de conversão para
cirurgia aberta. Vários parâmetros, como idade do paciente,
índice de massa corpórea, status da American Society of
Anesthesiologists, tamanho tumoral (5 cm versus 6.1 cm), peso do espécime
(605 g versus 63 g) e tempo operatório (3.1 versus 3.1 horas),
foram comparáveis entre os 2 grupos. Entretanto, os resultados
da laparoscopia foram melhores quanto à perda de sangue (p <
0.001), permanência hospitalar (p < 0.001), necessidade de
analgésicos (p < 0.001) e retorno às atividades diárias
(p = 0.005). Complicações ocorreram em 13% dos pacientes
do grupo laparoscópico e 24% do grupo de cirurgia aberta.
- Conclusões:
A laparoscopia, por acesso retroperitoneal, é um método
efetivo, reproduzível e o preferido pelo grupo de trabalho do
estudo. É considerada uma alternativa à cirurgia aberta
em pacientes com tumores renais estádio T1-T2N0M0.
- Comentário
Editorial
Os resultados apresentados pelos autores coincidem com outros apresentados
nos EUA e Europa, onde há tendência da realização
da nefrectomia radical laparoscópica para tumores de até
90 mm de diâmetro. Os resultados oncológicos, em seguimentos
que giram em torno de 3 anos, parecem ser semelhantes aos da via aberta
convencional. As vantagens da laparoscopia residem na menor permanência
hospitalar, na recuperação precoce e no menor trauma à
parede abdominal, com menos dor e necessidade diminuída de analgésicos
no pós-operatório. O tempo operatório é
variável nos diversos trabalhos publicados, ora com tempo maior
na laparoscopia, ora na cirurgia aberta. O custo operatório,
principalmente no início da curva de aprendizagem do serviço,
parece ser maior na via laparoscópica, mas com equivalência
em longo prazo de seguimento. Em resumo, o trabalho acima destaca o
acesso retroperitoneal, como uma opção efetiva da cirurgia
pela via laparoscópica, com vantagens, talvez, sobre a via transperitoneal,
em casos de cirurgias abdominais anteriores, com múltiplas aderências
e para visibilização dos vasos do pedículo renal.
Somente o com o seguimento mais prolongado permitirá a verificação
da via preferencial das cirurgias laparoscópicas em Urologia.
Dr.
Marcelo L. Lima
The use of a lithoclast probe for ureterorenoscopic coagulation of
bleeding ureteral cancer
Grein U, Meyer WW
J Urol, 165: 1165-1166, 2000
Utilização
do probe do lithoclast para coagulação ureterorrenoscópica
de câncer hemorrágico do ureter
- Objetivo:
Descrever o uso do probe do lithoclast, geralmente utilizado para fragmentação
balística de cálculos urinários, na coagulação
ureteroscópica de um tumor do ureter com sangramento.
- Material
e Métodos: A coagulação de um carcinoma de
células transicionais do ureter, devido a sangramento importante,
foi realizada num paciente do sexo masculino, de 86 anos de idade, com
alto risco cirúrgico. Para isso, foi utilizado um probe de 0.8
mm do lithoclast conectado à corrente elétrica de alta
freqüência, ou seja, um bisturi elétrico comum. O
probe foi recoberto com um cateter ureteral 5F, que funcionou como isolante,
impedindo danos para o ureteroscópio de 9.5F utilizado para o
procedimento.
- Resultados:
O tumor foi coagulado, com sucesso, sob visão direta e o sangramento
foi interrompido.
- Conclusões:
A utilização de um probe do lithoclast, recoberto com
um cateter ureteral, deve ser lembrada para a coagulação
de tumores ureterais, com sangramento importante. Esta é uma
técnica simples e barata, disponível em quase todos os
centros urológicos.
- Comentário
Editorial
Sem dúvida, a nefroureterectomia é a técnica de
escolha no tratamento do carcinoma de células transicionais do
ureter. Porém, paciente com alto risco cirúrgico, com
idade muito avançada, e que não se beneficiaria da cirurgia
radical, bem como aqueles pacientes com rim único, ou com função
renal comprometida, exigem formas terapêuticas menos agressivas
e que permitam a preservação dessa unidade renal e da
própria função renal.
Nesses pacientes, a endourologia e técnicas cirúrgicas
minimamente invasivas devem ser utilizadas. Assim, a simples eletrocoagulação
do tumor ureteral, geralmente não volumoso, torna-se bastante
atraente. Esses procedimentos geralmente não se prologam por
mais de 30 a 40 minutos e podem ser realizados até mesmo ambulatorialmente.
Nós já utilizamos, algumas vezes, a técnica descrita
pelos autores. Contudo, no lugar do probe do lithoclast, utilizamos
mandris de cateteres, metálicos, que não são, entretanto,
tão seguros quanto o probe.
Creio que essa técnica, usando o probe do lithoclast, além
de facilmente disponível nos serviços de urologia, representa
uma alternativa terapêutica nos casos de carcinoma do ureter,
onde a cirurgia radical não deve ser realizada.
Dr. Joaquim de A. Claro
Percutaneous
nephrostomy versus ureteral stents for diversion of hydronephrosis
caused by stones: a prospective, randomized clinical trial
Mokhmalji H, Braun PM, Portillo FJM, Siegsmund M, Alken P, Köhrmann
KU
J Urol, 165: 1088-1092, 2001
Nefrostomia
percutânea versus stent ureteral para derivação de
hidronefrose causada por litíase: um estudo clínico prospectivo
randomizado
- Objetivos:
A derivação urinária por meio de nefrostomia percutânea
ou stent ureteral está indicada quando há sintomas como
cólica persistente, temperatura elevada e uremia, em casos de
hidronefrose causada por litíase. Procurou-se avaliar qual dos
2 métodos é superior com respeito à evolução
do procedimento, alívio dos sintomas e qualidade de vida, relacionando-os
à idade e ao sexo.
- Material
e Métodos: O total de 40 pacientes com hidronefrose causada
por cálculo foi randomizado para nefrostomia percutânea
ou colocação de stent ureteral. Os pacientes foram avaliados
quanto ao procedimento (uso de analgésicos, exposição
ao R-X, sucesso da inserção), ao alívio dos sintomas
(duração da derivação, administração
intravenosa de antibióticos) e qualidade de vida (questionário
após 2 e 4 semanas da cirurgia).
- Resultados:
Dois grupos comparáveis de pacientes foram constituídos,
com média de idade de 55 versus 49 anos, e relação
homem/mulher de 12:8 versus 9:11, para nefrostomia percutânea
e stent ureteral, respectivamente. A nefrostomnia percutânea foi
completada com sucesso em 100% dos casos e os stents em 80%; os demais
20% foram convertidos para nefrostomia percutânea. A exposição
ao R-X foi menor no grupo da nefrostomia percutânea (p = 0.052).
A administração de analgésicos foi mais freqüente
no grupo do stent (p = 0.061). A permanência da nefrostomia foi
menor em 50% dos casos (menos de 2 semanas) do que no stent, 25% dos
casos, (menos de 2 semanas), p = 0.043). Antibióticos foram administrados
por mais de 5 dias em 0% dos casos submetidos à nefrostomia percutânea
versus 64% em pacientes com stent (p = 0.174). Redução
na qualidade de vida foi moderadamente mais pronunciada no grupo do
stent comparado com o grupo da nefrostomia, e foi mais evidente em homens
e em pacientes jovens. A qualidade de vida melhorou progressivamente
durante o período de derivação com nefrostomia,
mas piorou durante a derivação com stent.
- Conclusões:
Os resultados obtidos demonstram que a nefrostomia percutânea
é superior ao stent ureteral para a derivação de
pacientes com hidronefrose causada por cálculos, especialmente
em pacientes com febre alta, bem como em homens e pessoas jovens.
- Comentário
Editorial
Este estudo prospectivo e randomizado foi realizado em pacientes adultos
com litíase e hidronefrose, 25% deles com quadro infeccioso associado.
Comparou a derivação por meio de nefrostomia percutânea,
realizada sob anestesia local, com a derivação por meio
de stent ureteral inserido também sob anestesia local, e sugere,
fortemente, que a nefrostomia percutânea é superior à
inserção de stent ureteral quando há indicação
de derivação em casos de litíase ureteral.
Dr. Lísias N. Castilho
UROLOGICAL
NEUROLOGY
Urinary
incontinence and pelvic organ prolapse in women with Marfan or Ehlers-Danlos
syndrome
Carley ME, Schaffer J
Am J Obstet Gynecol 182: 1021-1023, 2000
Incontinência
urinária e prolapso pélvico em mulheres com síndrome
de Marfan ou Ehlers-Danlos
- Objetivo:
Verificar a prevalência de incontinência urinária
e prolapso pélvico em mulheres com síndrome de Marfan
ou Ehlers-Danlos.
- Material
e Métodos:
Os registros médicos de 2 hospitais foram examinados em busca
de pacientes do sexo feminino e com doença de Marfan ou síndrome
de Ehlers-Danlos. Os prontuários foram revistos, e a confirmação
de história de prolapso pélvico ou incontinência
urinária foi obtida por entrevista telefônica.
- Resultados:
O total de 12 mulheres com síndrome de Marfan (idade média
49 anos, paridade média 1.3) foram estudadas, sendo que 5 (42%)
relatavam prolapso pélvico e 4 (33%) incontinência urinária.
O total de 8 mulheres eram portadoras de síndrome de Ehlers-Danlos
(idade média 46 anos, paridade média 3.0). Destas, quatro
referiam incontinência urinária e seis (75%) relatavam
prolapso pélvico.
- Conclusões:
Mulheres com síndromes de Marfan e Ehlers-Danlos têm altas
taxas de prolapso pélvico e incontinência urinária.
Esses achadas consubstanciam um importante papel etiológico do
distúrbio do tecido conjuntivo na patogênese da incontinência
urinária e prolapso pélvico.
- Comentário
Editorial
A despeito das grandes falhas metodológicas, como falta de um
grupo controle, uso de entrevista telefônica ao invés de
um exame médico, e a pequena casuística, este estudo acrescenta
dados interessantes a respeito das causas do prolapso pélvico
e IUE. As síndromes de Marfan e Ehlers-Danlos representam graves
defeitos de proteínas de sustentação. A síndrome
de Marfan é transmitida por herança autossômica
dominante, e já foi identificado um defeito no gene 1 da fibrilina
localizado no cromossomo 15 (1). A síndrome de Ehlers-Danlos
inclui cerca de 10 subtipos, com vários mecanismos de herança,
envolvendo a produção defeituosa de colágeno (2).
A IUE é claramente multifatorial, com elementos musculares, neurais
e dos tecidos de suporte. Os distúrbios do colágeno, mesmo
em graus menores e, provavelmente, associados ao processo de envelhecimento
(3,4), parecem desempenhar um papel fundamental.
Referências
1. Peltonen L, Kainulainen RE: Elucidation of the gene defect in Marfan
syndrome. FEBS Lett 307: 116-21, 1992.
2. Pyeritz RE: Heritable and Developmental Disorders of Connective Tissue
and Bone. In: Koopman (ed.), Arthritis and Allied Conditions 13th. New
York, William & Wilkins, pp. 1724-1728, 1997.
3. Fitzgerald MP, Mollenhauer J, Hale DS, Benson JT, Brubaker L: Urethral
collagen morphologic characteristics among women with genuine stress incontinence.
Am J Obstet Gynecol, 182: 1565-1574, 2000.
4. Ulmsten U: Different biochemical composition of connective tissue in
continent and stress incontinence women. Acta Obstet Gynecol Scand, 66:
455-457, 1987.
Dr.
Aderivaldo C. Dias Filho
ONCOLOGY
The incidence
of prostate cancer in a screening population with a serum prostate specific
antigen between 2.5 and 4.0 ng/ml: relation to biopsy strategy
Babaian RJ, Johnston DA, Naccarato W, Ayala A, Bhadkamkar VA, Fritsche
Jr. HA
J Urol, 165: 757-760, 2001
A incidência
de câncer de próstata no screening de uma população,
com o antígeno prostático específico entre 2.5 e
4.0 ng/ml: relação com a estratégia de biópsia.
- Objetivo:
Foi recentemente sugerido que o limite inferior de normalidade do antígeno
prostático específico (PSA) seja diminuído, para
se aumentar as chances de detecção do câncer da
próstata. A incidência de 22% de câncer foi detectada,
em homens com o PSA entre 2.5 e 4.0 ng/ml. Esse novo estudo foi realizado
para confirmar esta observação.
- Material
e Métodos: Biópsias de próstata foram realizadas
em homens que se submeteram a um programa gratuito de detecção
de câncer da próstata, e que possuíam PSA entre
2.5 e 4.0 ng/ml. De 268 pacientes elegíveis, 151 (56%) concordaram
com a biópsia. Em todos foram feitas biópsias sistematizadas,
e retirados 11 fragmentos, que foram marcados segundo o local retirado
e examinados por um único patologista.
- Resultados:
Câncer foi identificado em 24.5% (37/151) dos pacientes. A idade
média foi de 62 anos (limites 43-74). As biópsias sextantes
convencionais detectaram 73% (27/37) dos tumores, e as biópsias
adicionais detectaram os restantes 10 casos. O escore de Gleason foi
de 6 em 25 pacientes, 3 + 4 em 5, 4 + 3 em 4 e igual ou maior que 8
em 3 ( média do escore de Gleason 6). Em 14 homens apenas 1 fragmento
foi positivo para câncer, 2 amostras foram positivas em 9 pacientes
e 14 tiveram 2 ou mais amostras positivas (número médio
de biópsias positivas foi 2). Dos 14 pacientes com apenas um
fragmento positivo, 11 tiveram apenas um foco menor que 3 mm, e em 8
apenas, a biópsia foi positiva em local não-sextante.
O toque retal foi suspeito em 11 pacientes, mas apenas 5 tiveram biópsia
positiva, e de 31 casos com ultra-som transretal alterado, apenas 13
foram positivos. A variabilidade biológica média do PSA
foi cerca de 15% (limites 0.4-440%).
- Conclusões:
a incidência de câncer (24.5% , 37/51) foi significante
em homens com o PSA sérico entre 2.5 e 4.0 ng/ml. Nesse estudo,
67.6% dos tumores detectados eram clinicamente significantes, com base
nos dados das biópsias. Se o limite inferior da normalidade do
PSA for reduzido, o uso de biópsias sextantes convencionais pode
ser preferível, do que uma técnica de biópsias
mais extensa.
- Comentário
Editorial
Existe uma tendência, após o conhecido estudo de 1.991
de Catalona, em se avaliar melhor os pacientes com o PSA entre 2.6 e
4.0 ng/ml, e não apenas os que possuem o PSA acima de 4.0 ng/ml.
Na série da Washington University, 22% dos pacientes com PSA
entre 2.6 e 4.0 tiveram biópsias positivas, um número
semelhante ao encontrado com o PSA entre 4.1 e 10.0 ng/ml, e também
próximo aos 24.5% do estudo atual.
O valor desta série do M.D. Anderson é que: 1)- confirma
os achados anteriores de Catalona; 2)- como quase 60% dos pacientes
elegíveis submeteram-se a biópsias, foi reduzido o efeito
selecionador (bias) no resultado final, o que o torna mais confiável;
3)- A metade dos pacientes com PSA 2.6 - 4.0 ng/ml, e toque retal alterado,
terá biópsia positiva.
Um dado interessante, e que diferiu do estudo de Catalona, é
que na presente série 58% dos pacientes apresentavam tumores
menores de 0.5 cc, contra 17% naquele estudo. Como está provado
que um terço ou mais dos pacientes com tumores entre 0.5 e 1.5
cc de volume apresentam extensão extracapsular, é de se
esperar que, reduzindo-se as dimensões dos tumores detectados,
maior número de pacientes seja curado.
Dr.
Francisco F.H. Bretas
Immunotherapy
for advanced renal cell cancer (Cochrane Review)
Coppin C, Porzsolt F, Kumpf J, Coldman A, Wilt T
Cochrane Database Syst Rev, CD001425, 2000
Imunoterpia
para cancer renal avançado (Revisão Cochrane)
- Objetivos:
Avaliar a imunoterapia para carcinoma renal avançado, comparando
1)- Interleucina em altas doses versus outras opções e
2)- Interferon alfa contra outras opções.
- Material
e Métodos: Revisão sistemática da literatura
com meta-análise dos resultados realizada pela Colaboração
Cochrane. Busca por artigos em bases de dados e através de pesquisa
manual em anais de congresso. Incluídos estudos clínicos
randomizados que selecionaram pacientes com carcinoma renal avançado
para serem submetidos à imunoterapia em ao menos um dos braços
do estudo e que relatassem sobrevida e resposta de acordo com a alocação.
Dados extraídos independetemente por 2 investigadores.
- Resultados:
42 estudos envolvendo 4216 pacientes relataram resposta e 26 destes
com 3089 pacientes relataram sobrevida. Não foi localizado nenhum
estudo que comparasse interleucina em altas doses com placebo e que
reportasse sobrevida. Meta análise de 6 estudos com 963 pacientes
mostraram superioridade do interferon sobre os controles [Odds Ratio
(OR) = 0.67; Intervalo de confiança de 95% (IC) 0.5 a 0.89].
Este benefício se reflete também na diferença da
curva de sobrevida (Harzard Ratio 0.78; IC 0.67 a 0.9). A diferença
média de sobrevida entre os grupos tratado e não tratado
com interferon é de 2.6 meses. Outras comparações
adicionais falharam em demonstrar benefício de sobrevida de outros
agentes, incluindo a interleucina 2.
- Conclusão:
O interferon alfa confere um aumento modesto de sobrevida em pacientes
com câncer renal avançado e deve ser considerado como controle
em futuros estudos. A interleucina 2 ainda não foi validada em
estudos randomizados adequados.
- Comentário
Editorial
Esta revisão da literatura foi feita pela Colaboração
Cochrane, que se caracteriza por realizar uma busca exaustiva de dados
ao redor de todo o mundo e pelo uso de uma metodologia rigorosa e sistemática.
Neste estudo os autores demonstram que o interferon oferece um benefício
modesto quando administrado a pacientes portadores de câncer renal
metastático. Os autores demonstram também a falta de evidência
para o uso rotineiro da interleucina. A revisão atende aos requisitos
de validação de estudos de revisão e é capaz
de mudar a prática clínica. Oncologistas devem tratar
seus pacientes com este tipo de tumor com interferon e não com
interleucina, até que surja algum novo estudo de boa qualidade.
Nível de evidência II para o uso do interferon em pacientes
com câncer renal avançado. Não há evidências
adequadas que sugiram qualquer benefício da interleucina.
Dr.
Otávio A.C. Clark
Urinary continence and pathological outcome after bladder neck preservation
during radical retropubic prostatectomy: a randomyzed prospective trial
Srougi M, Nesrallah LJ, Kauffmann JR, Nesrallah A, Leite KRM
J Urol, 165: 815-818, 2001
Continência
urinária e recorrência patológica após prostatectomia
radical retropúbica com preservação do colo vesical:
estudo prospectivo randomizado
- Objetivo:
Comparar a taxa de continência urinária e o controle do
câncer da próstata, com preservação ou ressecção
do colo vesical, durante a prostatectomia radical.
- Material
e Métodos: Este estudo prospectivo e randomizado foi planejado
para 120 pacientes com câncer da próstata, estádio
T1c e T2c, submetidos à prostatectomia radical retropúbica.
De acordo com a preservação (grupo 1) ou ressecção
do colo vesical (grupo 2), decidido durante a cirurgia, foram analisados
a continência urinária e o controle tumoral. Continência
urinária (1 ou nenhum protetor diário) foi avaliado no
2o. dia após remoção do cateter vesical, e no 2o.
e 6o. meses após a cirurgia.
- Resultados:
O estudo foi interrompido após 70 pacientes haverem sido operados,
em razão de margens cirúrgicas positivas, somente no colo
vesical, em 10% do grupo no qual o colo foi preservado e em nenhum paciente
do grupo submetido à ressecção do colo. Quanto
à continência urinária não houve diferença
significativa entre os grupos, tanto precoce como tardiamente.
- Conclusão:
A preservação do colo vesical durante a prostatectomia
radical não melhora a continência urinária e compromete
o controle do câncer. O esfíncter externo parece mais importante
para continência urinária após a prostatectomia
radical.
- Comentário
Editorial
Mesmo após Walsh padronizar a prostatectomia radical retropúbica,
muitas modificações têm sido propostas. Walsh, recentemente,
gravou em vídeo algumas cirurgias e, após a análise
dos vídeos, propôs alguns reparos na abordagem do ápice
prostático e esfíncter externo. O objetivo foi proteger
a continência urinária e o mecanismo de ereção,
sem que houvesse comprometimento do caráter oncológico
da operação.
Anteriormente, Catalona já havia publicado sua experiência
demonstrando que a preservação do colo vesical não
oferecia vantagens quanto ao grau de continência urinária.
Essas afirmações foram amplamente demonstradas pelo autor
e confirmadas por Paul Abrams em estudos urodinâmicos.
Com relação à presença de margens positivas,
ocorrem com maior freqüência no ápice e região
póstero lateral da próstata. O trabalho de Srougi e colaboradores,
entretanto, além de ratificar que a persistência do colo
vesical não tem influência na continência urinária,
traz contribuição ainda maior, demonstrando 10% de margens
cirúrgicas positivas no colo vesical, com conseqüente perda
do caráter oncológico da cirurgia. O trabalho torna explícito
que o colo vesical não deve ser preservado na prostatectomia
radical retropúbica.
Dr.
Nelson Rodrigues Netto Jr.
Immunostaining
of cytokeratin 20 in cells from voided urine for detection of bladder
cancer
Golijanin D, Shapiro A, Pode D
J Urol, 164: 1922-1925, 2000
Imunodemonstração
da citoqueratina 20 em células obtidas na urina para
detecção do câncer da bexiga
- Objetivo:
Estudar a eficácia da imunocitologia em células da urina,
utilizando anticorpos monoclonais contra a citoqueratina 20, na detecção
de tumores não invasivos da bexiga. A citoqueratina é
o maior componente intermediário do citoesqueleto das células
epiteliais. É uma proteína expressa nas células
de câncer de colon e bexiga.
- Material
e Métodos: No período de maio de 1997 a outubro de
1998 foram incluídos 174 pacientes, 80 eram portadores de hematúrias
e sintomas irritativos e 94 pós-resecção endoscópica
(RTU) de tumor (TU) vesical (142 homens e 32 mulheres). Coletou-se 80
cc de urina de cada paciente antes da cistoscopia, fixada em álcool
a 70% e armazenada a 4 graus, centrifugado 10/ 2.500 rpm, para
obtenção da densidade celular 104 / ml e utilização
do anticorpo monoclonal IT-Ks20.8 contra citoqueratina 20 por um período
de 60 minutos. O exame foi realizado observando 100 células e
considerado positivo se 5% expressassem CK-20.
- Resultados:
O estudo endoscópico (cistoscopia) mostrou 87 tumores primários
e 54 recorrentes. A análise imunocitológica mostrou sensibilidade
em 71 (81.6%) dos pacientes e especificidade em 67 (77%), com acurácia
de (80%). Falso negativo ocorreu em 12 pacientes portadores de tumores
superficiais e de baixo grau, e em 4 tumores invasivos de alto grau.
A análise geral demonstrou diferença significativa para
o grau e o estágio (< 0.01). A detecção de tumor
in situ (7) foi de 100% positivo para CK-20. O estudo citopatológico
demonstrou sensibilidade de 51.7% e especificidade de 94.2%.
- Conclusão:
O estudo imunocitológico para a CK-20 apresenta maior sensibilidade
do que a citopatologia para detecção de tumores de bexiga,
especialmente de baixo grau e baixo estádio.
- Comentário
Editorial
Vários antígenos são expressos nos tumores epiteliais
da bexiga, especialmente o antígeno Lewis X, que nas várias
séries publicadas apresenta sensibilidade de 79.8% a 81.4% e
especificidade de 83.3% a 86.4%. O estudo com Immunocyt, utilizando
3 anticorpos monoclonais, apresenta sensibilidade de 86.1% e especificidade
de 79.4%. Klein et al., utilizando a técnica com PCR, para detecção
da CK-20 estabeleceu o diagnóstico em 91%. A imunocitologia para
CK-20 apresenta resultados similares aos encontrados por outros métodos
como BTA-stat e o NMP22. Harnden et al., encontrou 89% de positividade
em biópsias com epitélio displásico. Os resultados
não são alterados com a utilização do BCG
prévio e com processos inflamatórios, mas podem falhar
em tumores de alto grau.
Dr.
Gilvan N. Fonseca
MISCELLANEOUS
Molecular
epidemiological evidence for ascending urethral infection in acute bacterial
prostatitis
Terai A, Ishitoya S, Mitsumori K, Ogawa O
J Urol, 164: 1945-1947, 2000
Evidência
molecular epidemiológica de infecção uretral ascendente
na prostatite
bacteriana aguda
- Objetivos:
Testar a via ascendente uretral como causa de prostatite bacteriana
aguda, usando cepas de Escherichia coli, isoladas da urina e do reto
de pacientes com prostatite aguda, através de métodos
de identificação molecular.
- Material
e Métodos: 50 cepas de Escherichia coli isoladas da urina
e do reto de 9 pacientes com prostatite bacteriana aguda foram examinadas.
Os estudos incluíram 6 determinantes diferentes de urovirulência
e eletroforese.
Em 1 caso também foi examinada amostra retal da esposa do paciente,
no diagnóstico e após 5 semanas.
- Resultados:
O perfil de urovirulência e a eletroforese demonstraram que a
Escherichia coli era monoclonal em cada caso, além disso, estava
presente no reto como cepa predominante (96% a 100%) em 2 e como cepa
minoritária (2 a 8%) em 4. Além disso, a Escherichia coli
causadora da infecção estava presente no reto da esposa
de paciente estudada.
- Conclusões:
Os resultados confirmam a via ascendente pela uretra como rota de infecção
para a prostatite bacteriana aguda. No entanto, a Escherichia coli causadora
da infecção pode se originar no reservatório intestinal
do hospedeiro ou de algum morador da casa. Devido às limitações
desse estudo, são necessários estudos longitudinais para
estabelecer a via ascendente de infecção nesta doença.
- Comentário
Editorial
Esse estudo, apesar da pequena amostra, demonstra muito bem a contaminação
ascendente pela uretra causando a prostatite bacteriana aguda. Além
dessa via, são descritas a hematogênica, a linfática
e por contiguidade. A nova classificação de prostatites,
e sua incidência aumentada após as biópsias transretais
da próstata despertaram novamente o interesse pela doença.
Além disso, as alterações do antígeno prostático
específico (PSA) causadas pelas prostatites precisam ser esclarecidas
com novos estudos.
Dr.
Maurício Rodrigues Netto
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